domingo, 29 de março de 2015

VELANDO DEFUNTOS JÁ ENTERRADOS...



Hoje no calendário católico é uma dia muito importante: Domingo de Ramos! É o início da Semana Santa, que termina com a grandiosa celebração da Páscoa, com a Ressurreição de Jesus Cristo. Hoje fomos minha esposa e eu na missa, com direito a procissão e tudo o mais, tudo muito significativo! Mas o que mais me chamou a atenção foi a "Humilia" (o sermão do padre), que teve até anedota, mas de forma alguma foi vazio ou cheio de clichês, como estamos acostumados a ver e ouvir!
Farei uma apanhado geral incluindo algumas interpretações e opiniões minhas:
Disse o Pároco que, certa vez, a Santíssima Trindade estava reunida e discutindo de modo sério. Deus disse: - Eu não posso descer! Tenho que ficar aqui e cuidar das coisas, olhar, ouvir. Não posso me ausentar de meu posto! O Espirito Santo retrucou: - Eu sou o grande mensageiro. O que faz as coisas acontecerem! Não posso ficar anos sem exercer minhas funções... Então Jesus Cristo falou: Entendi... Sobrou pra mim, né! Ok. Eu desço. Encarno como ser humano, pregarei a Palavra, serei seguido, perseguido, preso. Posso até ser crucificado e morrer por conta dessa gente toda... Mas casar, eu não caso! 
A anedota serviu apenas para introduzir um assunto sério, mas abordado de uma forma engraçada e até um pouco forma generalista, sobre a capacidade que as mulheres tem de, em uma discussão, relembrar coisas do passado e trazer a tona (tanto que nem o Cristo da piada quiz casar!) o que há muito se havia esquecido e dado por encerrado. 
Certamente que as mulheres, de um modo em geral, tem uma capacidade associativa e uma facilidade de uso de palavras muito mais desenvolvida que os homens, em sua maioria, o que nos faz detestar entrar em qualquer "DR" (Discussão de Relacionamento), por que nós - pobres, subdesenvolvidos intelectualmente e menos providos emocionalmente - homens, certamente perderíamos! 
Calma! Não joguem pedras ainda! Faz parte do desenvolvimento da espécie humana; os machos tinham que prover sustento e abrigo. Não precisavam falar muito... As fêmeas eram responsáveis por cuidar das crias e manter laços sociais na comunidade (por assim dizer). É o mesmo motivo pelo que elas fazem várias coisas ao mesmo tempo enquanto nós, mal conseguimos fazer uma!
Mas o tema não se aplica somente a mulheres e sim a pessoas em geral. Logo as coisas farão sentido.
Todo mundo tem em casa um "quartinho da bagunça" (nós temos! Já foi bem pior, mas agora está um pouco mais organizado!). Pode ser chamado de despensa, depósito, quarto de visitas, canto das tralhas... se não houver espaço suficiente, duvido que não haja então, ao menos, um guarda-roupa velho ou um armário que se destine a acumular tranqueiras inúteis! Os "maleiros"são os preferidos: - Xi, quebrou uma haste do guarda-chuva, o ferro elétrico queimou, o jogo de chá está desfalcado de umas xícaras. O que fazer com eles? Jogar fora? Claro que não! Enfia no maleiro!
Pois é! Não sei se isto foi problema da evolução também... Tornamo-nos acumuladores. O ser humano tem uma dificuldade enorme de se desvencilhar das coisas, dos bens, dos objetos... E dos sentimentos! Compramos algo e usamos, mas, em dado momento, aquilo se estraga, perde a função. É o micro-ondas que não liga mais, o cobertor que rasgou, a calça que já não serve, peças soltas restantes de antigos jogos, os brinquedos das crianças que cresceram, a casinha do cachorro que já morreu... Acumulamos. 
Então, um dia morremos. Alguém entra no quartinho e começa a retirar tudo aquilo lá de dentro, indistintamente. E passa a perguntar: "Meu Deus! Por que Fulano guardava todas estas coisas? Ele nunca mais iria usar nada disso!
Mas o pior acúmulo que fazemos não é o material; é o acúmulo emocional! E isso tem um nome: Rancor!
Guardamos boas lembranças, claro! E isso é muito bom! Mas guardamos também, as más! Mágoas, brigas, palavras mal-ditas em momentos desapropriados... Temos o mau hábito de não jogar elas fora, por mais inúteis que sejam! Guardâmo-las em nossos "quartinhos da bagunça" mentais e deixamos elas lá, pegando poeira, sendo carcomidas pelas traças, deteriorando-se ainda mais com o passar do tempo, mas, sempre presentes!
Vida vai, vida vem, chega uma "DR" que falamos antes, ou qualquer outra situação de exaltação dos ânimos, e um dos envolvidos lembra "da chaleira amassada guardada dentro do forno elétrico queimado, que está na segunda prateleira da esquerda, ao lado do Edredon puído e, Vois Là! Tira ela de dentro do quarto empoeirado de lembranças bagunçadas para arremessar contra o outro desafortunado que se envolveu naquela querela!
É como se no meio de uma tarde chuvosa de outono, a pessoa decidisse trazer para o meio da sala de estar, o caixão apodrecido de um defundo já há muito enterrado para ser velado novamente! E vão todos reviver, remoer, Re-Sentir! Mas o defundo já morreu! Já foi enterrado... Já virou pó! Não se faz velório de Morto já velado, enterrado, desfeito pelo tempo e pela natureza!
Mas as pessoas tem este problema! O rancor é o velório do defunto já enterrado! É reclamar de novo pelo copo trincado. É relembrar da chaleira amassado, ao invés de jogá-la fora! 
Não, não! As mulheres não são as únicas a fazer isso! Os seres humanos em geral não tem o desenvolvimento intelectual, emocional e moral para enterrar seus mortos e deixá-los lá, quietinhos, enterrados, e por que não dizer, esquecidos.
Caixão não tem gavetas e Mortalha não tem bolsos! Desta vida, nada levamos! Por que então acumular? Somos o que vivemos! Aos que acreditam em reencarnação, nossos rancores são o "Carma" que impedirá o desenvolvimento do espírito. Aos que creem em um "Céu ou Morada de Deus", estes mesmos rancores são os pecados da alma, que dificultarão seu acesso pelos Portões de São Pedro! Aos que não acreditam em nada disso, rancor, raiva, ressentimento e mágoa acabam tudo virando Câncer! (Pelo amor de Deus! Não estou dizendo que todo câncer é fruto de rancor!)
O mundo já é complicado e a Vida tão cheia de problemas... Pra que carregarmos um fardo maior que o necessário? Viva em Paz consigo e com os outros. Guarde o que for bom e útil, o resto, jogue fora! Deixe os mortos enterrados e o passado, no passado. Mas se ainda assim não puder jogar a chaleira amassada fora, seja ao menos Vintage e use ela para plantar uma flor dentro!

Saudações Fraternais
.'.

2 comentários:

  1. Excelente texto meu amor, quem vive guardando rancor acaba realmente ficando doente, sendo frustado e triste, temos que deixar as coisas do passado no passado e trazer ao presente somente o que for necessário.
    Amo vc!!!

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  2. Coitada da visita.... hehehehe
    Brincadeiras à parte, muito bom o seu texto. Concordo com você. Lições de vida são para ser guardadas e não confundidas com rancor. Rancor deve ser esquecido!

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