Vou contar uma história que ocorreu na sexta-feira passada, 22 de julho, no Centro Municipal de Urgências Médicas (CMUM) do Boa Vista.
Eis que no plantão noturno chegou à Unidade de Atendimento um grupo trazendo um paciente desacordado. Na recepção, a auxiliar de enfermagem que lá estava, solicitou que os acompanhantes passassem informações básicas do "doente" para que fosse feita sua ficha de atendimento, o que é um procedimento padrão e imprescindível para o atendimento de qualquer paciente em qualquer unidade de atendimento de saúde que existe, seja pronto-socorro, "postinho de saúde" ou hospital...
O grupo de acompanhantes, formado pela namorada do paciente e outros dois colegas, todos visivelmente alterados (não se sabe ao certo se por efeito exclusivo de álcool ou de outras drogas também!), indignaram-se com a "impertinência da atendente em querer os documentos do paciente", e falaram que não queriam "enrolação", só precisavam de um médico rápido para prestar socorro ao seu colega que estava passando mal, pois tinha bebido demais (na verdade, tanto bebeu que estava em coma etílico!). Nesse momento, o grupo passou a agredir verbalmente a atendente, que, intimidada e temendo por sua segurança, pediu auxílio aos Guardas Municipais que ficam de plantão no próprio CMUM.
Dois Guardas compareceram e solicitaram que os dois companheiros retirassem-se da unidade e aguardassem fora. A mulher iniciou uma discussão que culminou com um tabefe na cara do Guarda, ao que ele revidou. Nisso, os homens que a acompanhavam renderam o Oficial da Lei, prendendo-o pelo pescoço e pelos braços, enquanto a mulher tomou-lhe a arma do coldre, engatilhou e apontou-lhe a cabeça...
O que o outro Guarda Municipal fez nesse momento? Sacou sua arma e deu voz de prisão aos baderneiros e agressores? NÃO!!!! Ele bateu em retirada!!! (Alegou depois, que saiu para solicitar reforços e que tinha que ser pessoalmente, pois seu rádio não estava funcionando!)
Com toda a gritaria e balbúrdia, juntou-se uma multidão ao redor, entre pacientes, acompanhantes e funcionários. A mulher guardou a arma dentro de suas calças enquanto algumas pessoas tentavam socorrer o Guarda, que nesse momento estava sendo estrangulado e espancado pelos outros dois agressores. Vendo-se em menor número, os três acompanhantes do rapaz embriagado retiraram-se da unidade de saúde e o Guarda foi levado para a Sala de Emergências.
E o paciente? Jazia desacordado em um canto, esquecido por todos; inclusive por seus próprios companheiros!
Pouco tempo depois, diminuído o tumultuo, os três meliantes retornaram e invadiram a Sala de Emergências. Retiraram o cacetete do Guarda e reiniciaram o espancamento, golpeando-o em cabeça, braços e genitália. Só nesta altura dos fatos, cerca de 10 a 15 minutos após toda a confusão ter iniciado, chegou a Policia Militar para render os indivíduos. A mulher negava estar armada, mas uma enfermeira, num rompante de indignação e coragem, partiu sobre ela e retirou-lhe a arma de dentro das calças, entregando-a aos PMs.
Ok... Foram presos e tudo terminou bem, correto? NÃO!!!!
Vamos aos pormenores que deixam todo o caso pior do que já é:
- A mulher em questão é uma Guarda Municipal da mesma unidade, e por conseguinte, colega do Guarda agredido; a mesma encontrava-se em licença médica e foi à unidade de saúde levar seu namorado à paisana.
- O Guarda agredido ficará impedido de trabalhar até se recuperar...
- O Guarda que "foi chamar reforço", imediatamente depois, passou para o turno diurno. Mas quem não protege nem seu próprio parceiro, vai proteger os demais cidadãos?
- Os agressores foram levados à delegacia, foram "fichados", mas já estão todos na rua, EM TOTAL LIBERDADE!
E a população permanece com aquela sensação de insegurança e desamparo, e com razão... se não podemos contar nem mesmo com aqueles que deveriam trabalhar pela nossa proteção!
Deixo aqui expressa toda a minha indignação!!!!
Fraternos abraços
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