quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A DIFÍCIL ARTE DE BEM ESCREVER

Já dizia uma grande amiga e colega de profissão minha: "o papel aceita tudo!"
Devo concordar que é uma grande verdade. O papel realmente não faz distinção do que lhe é posto por sobre… poesia ou palavrão, gravuras ou rabiscos, uma lista de compras ou a contabilidade da vendinha, uma lauda de livro de literatura rebuscada ou um artigo da imprensa marrom…
O papel é eclético e tolerante…
Sendo assim, quem controla o que nele se escreve? Só o pode fazer aquele próprio que escreve!
Entrementes, como é difícil fazer do papel uso digno… Deveras, como é árduo o trabalho de bem escrever! E atente ao fato que não me estou referindo a "escrever bem ou bonito", a Caligrafia, mas sim, escrever de forma correta, coerente e com conteúdo!
Se fôssemos falar de caligrafia, seria outra tortura. Eu sou do tempo em que na lista de material escolar, constava sempre um caderno de caligrafia, o qual usávamos em nossas aulas de português, para treinar até a perfeição o desenho das letras do alfabeto! Mas hoje, se perguntarmos a um pequeno discente de uma escola qualquer, se ele possui ou usa um caderno de caligrafia, não seria de espantar se sua resposta fosse a indagação: "o que é isso?" O computador também cumpre seu papel; nossas crianças aprendem a teclar antes mesmo de segurar um lápis e rabiscar um caderno!
Mas não quero falar de caligrafia…
Quantos livros, revistas ou jornais você leu na última semana? No mês passado? No último ano? E por que estou indagando isso? Simplesmente pelo fato que só pode escrever bem, quem lê bastante, de fonte variada e de qualidade!
Há os que afirmam que o que diferencia a o Ser Humano dos demais animais é a sua capacidade de falar e se comunicar. Pois bem, eu não concordo inteiramente com isso. Existem muitas espécies que tem a capacidade de comunicação - seja por sons, odores, sinais, gestos ou outro meio - e que o fazem de forma tão eficaz e com tamanha inteligência, que podem organizar-se em sociedades complexas, com divisão de tarefas e funções, vivendo em perfeita sintonia e harmonia.
A grande diferença no Homem é o fato de poder transmitir aos demais, bem como legar à posteridade, suas idéias, pensamentos, descobertas, discursos, vontades ou qualquer outra coisa que queira, através da palavra escrita.
Entrementes, a sociedade atual - e isso não é só "coisa de Brasil", mas sim, de contexto mundial - vem apresentando um conhecimento cada vez mais superficial das ciências básicas. História e Geografia não passam de matérias obrigatórias pelas quais os alunos não demonstram interesse e todo seu conhecimento acaba por resultar de uma tênue noção do todo; Estudos Sociais, Geopolítica e Filosofia, em muitas escolas, nem mais aparecem na grade curricular; Álgebra, Geometria, Física e Química, figuram como verdadeiras torturas, tanto nos bancos de escola, quanto fora deles…
E a Língua Portuguesa, Literatura, Língua Estrangeira, como ficam? Como todos as demais: relegadas a matérias de escola, amadas por alguns, odiadas por muitos e ignoradas pela maioria.
Se a autoridade política máxima de nossa nação alcunha-se "Presidenta", em uma corruptela bestial de nossa gramática, e sendo seu antecessor um semi-analfabeto, qual é o cidadão que vai se preocupar com a forma correta de falar ou escrever? É triste, mas é verdade! Rui Barbosa tinha um vocabulário de cerca de 2500 palavras, as demais pessoas de sua época, mesmo as de classes não tão favorecidas quanto ele, usavam em torno de 1500 verbetes. Hoje, se utilizarmos mais de 300 palavras diferentes em nossa comunicação do dia-a-dia será algo quase que extraordinário! Isto, é claro, sem entrar no mérito da "classe baixa intelectual" da sociedade - que não necessariamente seja formada pelas pessoas de mais baixo poder aquisitivo - que recheiam suas frases de "daí", "pô", "né", "mano"e afins, falando muito e comunicando quase nada: "Daí, meu. Morô, mano. Tá ligado na paradinha do bagulho? Pô! É isso aí. Valeu.  Lol!"
Outra praga que assola nossa sociedade e que "emburrece" as pessoas é o gerundismo, ou o "jeito de falar do atendente de telemarketing". Construções verbais como vou estar fazendo, vamos estar mandando, vou permanecer cantando e outras que se valham, em Língua Portuguesa, simplesmente não existem! Estão erradas! Sendo assim, como podemos esperar que alguém que fale desta forma, ou quem escute se falar assim e não tenha o conhecimento de como é o correto, possa escrever de acordo com as normas gramaticais vigentes? Então, em um mundo de maus faladores e maus leitores, é impossível que se tenha bons escritores e assim, cada vez distanciamo-nos mais e mais de nosso grande Rui Barbosa!
Por fim, penso eu, pela escrita, o Homem firma seu presente, qualificando-se, para que no futuro ainda seja lembrado, e não venha a ser passado!

Um comentário:

  1. Oi meu amor...isso é verdade... fui ter na minha 1ª série o meu caderno de caligrafia, e digamos, muita bem escrito até hj..heheh...saber mais o que de forma correta, coerente e com conteúdo... (copiei do meu marido...heheh...) Bjus...

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