quarta-feira, 21 de setembro de 2011

EDUCAR É DIFÍCIL... EDUCAR É PRECISO!

Tenho publicado alguns comentários sobre e o tema cultura e educação, bem como sobre saúde e segurança pública.
Realmente creio que estas são as áreas que mais necessitam de atenção por parte dos nossos governantes. A questão é que nossos políticos sabem disso, tanto é que geralmente estes temas aparecem sempre como propostas de campanhas políticas, sendo sempre aludidas como áreas abandonadas e sucateadas e que merecem uma reforma e reestruturação geral! Vá lá que estejam certos, porém, uma vez ganha a eleição, ficam elas, saúde, segurança e educação, novamente relegadas a segundo plano, até o próximo pleito.
Apesar de ser médico e conviver constante e intimamente com as mazelas do atendimento público de saúde, é na educação básica que reside minha preocupação maior! 
Saúde e segurança são necessárias, sim! Mas é na educação que reside o progresso de uma nação e a possibilidade de mudanças sociais.
Falar de educação pública é complicado, pois, a questão pode ser vista por muitos prismas e de diferentes ângulos. Devemos analisar a responsabilidade do estado, as condições físicas das escolas, a formação de nossos educadores, o papel dos pais e alunos.
Sem dúvidas, o Estado é o grande mantenedor das escolas públicas, ou, ao menos, deveria ser. É de sua responsabilidade a construção e manutenção de prédios, bem como, o pagamento do pessoal necessário ao bom funcionamento dos mesmos.
No tocante a estrutura física, quem não se lembra as "escolas de lata", salas de aulas improvisadas em contêineres, sem as mínimas condições de abrigar crianças ou qualquer outro ser humano, que existiam em algumas cidades de nosso estado (e certamente de outros também)? Quem não conhece a situação de uma ou outra escola, que sofre com salas de aula mal equipadas, com janelas quebradas, com quadras esportivas (quando existentes) impróprias para o uso, com problemas elétricos, hidráulicos ou estruturais? Quem nunca ouviu queixas de que falta material de estudo, produtos de higiene e limpeza, merenda escolar, computadores e outros mais?
Nossos educadores também merecem atenção especial. Tem uma das mais belas e importantes profissões, que é instruir nossas crianças e jovens, educando-os para a vida e para o mundo! Contudo, recebem um salário digno de pena e se obrigam a enfrentar dois ou três turnos diários de trabalho, por vezes, lecionando em duas ou mais escolas, para prover seu sustento. Tomando todo seu tempo com trabalho, torna-se impossível, para muitos, continuar seu aprimoramento. Além do tempo físico, carecem-lhes condições econômicas de cursar faculdades ou programas de especialização, bem como, torna-se cada vez mais difícil preparar aulas que supram as necessidades constantemente crescentes de seus alunos frente as exigências de uma sociedade em constante mudança.
Outro ponto crucial é a inversão de valores que ocorre, sendo que muitas famílias passam a esperar que a escola eduque seus filhos, quando, na verdade, "a educação vem de casa"! Pais delegam às escolas a função de transmitir valores morais e noções de convívio social a seus filhos, sendo que estes já deveriam tê-los aprendidos desde a tenra infância, de seus berços, no seio da família.
Porém, apesar de tantos reveses, ainda encontramos escolas que lutam pela qualidade de ensino e educadores que fazem de sua profissão um sacerdócio, empenhando todos seus esforços para fazer de  seus pupilos, homens e mulheres de bem, instruídos e com senso de responsabilidade social.
Um exemplo memorável que temos em nossa cidade de Curitiba é a Professora Antônia Maria Dezan Lobato, educadora, mestra e ex-diretora da Escola Estadual Ângelo Trevisan, no Bairro de Santa Felicidade. Esta mulher fenomenal, exemplo de fibra e de caráter, que dedicou (e continua dedicando) sua vida a arte de ensinar, esteve por cerca de trinta anos trabalhando na referida escola, sendo que na última década foi sua Diretora. Suas idéias revolucionárias na forma de ensinar e sua dedicação incondicional a escola permitiram que a mesma não tivesse suas portas fechadas, como era desejo do Estado em 1998. Também, instituiu-se o ensino de 5ª a 8ª séries, pois, desde sua fundações, lecionava-se apenas até a 4ª série. Por fim, tamanhas mudanças resultaram em a Escola obter por três anos consecutivos, resultados no IDEB - Índice de Desenvolvimento da Educação Básica - que figuram entre os melhores do país, já atingindo em 2007 as metas de ensino para 2021! A Escola Ângelo Trevisan, devido aos esforços dessa mestra, juntamente com demais professores, pais e alunos, já recebeu inúmeros prêmios, além da visita constante de autoridades de ensino de outros países que vêm conhecer de perto o seu exemplo de superação e de qualidade educacional.
Devido a sua aposentadoria e consequente saída da diretoria da escola, a Profª Antônia Maria Dezan Lobato foi homenageada na noite de sexta-feira, 16 de setembro, em um jantar idealizado pela AMFLAC - Academia Maçônica Florestal de Letras, Artes e Cultura do Brasil, da qual sou sócio-fundador e atual Vice-Presidente - juntamente com a atual diretoria da Escola Ângelo Trevisan. A Profª Antônia recebeu o título de Membro Honorário da Academia, com Diploma de Honra ao Mérito, bem como, foi agraciada com lembranças, discursos e agradecimentos por parte de seus familiares, colegas de trabalho, alunos e amigos. A Secretaria de Ensino, apesar de receber convite formal, não se pronunciou, nem mandou representante, nem carta-resposta, nem nada...
Os mestres desta escola, representados na pessoa da Profª Antônia estão todos de parabéns, e são a prova de que podemos fazer mais e melhor, mesmo sem o apoio do Estado. Se as mudanças não partirem de nós mesmos, pode ser que elas nunca venham a ocorrer!
Fraternos Abraços
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