O termo "Sapatilha" pode se referir a várias coisas: pode ser o sapato próprio de bailarinos, pode ser a forma com que se moldam chapéus de pelo ou feltro, ou ainda, a proteção que se coloca na ponta das espadas para evitar acidentes. Contudo, referimo-nos aqui àquele calçado flexível e macio, de solado fino, que é o queridinho de muitas mulheres!
Eu não gosto de sapatilhas! Mas isso não tem a mínima importância, pois não as uso, e quem usa, não vai se deixar influenciar pela minha opinião.
Sapatilhas são bonitas, práticas, confortáveis, de vários formatos e detalhes e que ficam bem com muitos estilos de roupas. As mulheres adoram! Basta olhar nas ruas para comprovar; exceto em pleno inverno, com temperaturas muito baixas, sempre se veem sapatilhas desfilando pelas calçadas, casas e lojas! Entrementes, mesmo com tantas qualidades, as sapatilhas tem um grande defeito: elas dão chulé!!!
É sério! Quem já teve a oportunidade de estar perto de uma mulher na hora que ela descalça sua linda sapatilha, sabe do que eu estou falando! Sapatilhas fedem! (não as novas, claro. Mas com pouco uso elas já adquirem o odor característico) E neste quesito, as sapatilhas são ecléticas; não importa a idade, raça, crença, ideologia política ou sexualidade de quem a use, e nem mesmo importa o tipo da sapatilha; todas cheirarão igual após algum uso!
Quando comentei este fato em uma roda de amigos, uma das presentes comentou:
- Nossa! Verdade. E não importa se você paga R$ 25,00 ou R$ 300,00 na sapatilha, ela vai ter chulé igual! E nem adianta lavar, que no uso seguinte já vai voltar o chulé.
Ela estava usando uma sapatilha vermelha quando falou isso...
Mas o chulé da sapatilha não vem de graça. A "bromidrose", que é o nome dado ao chulé, é resultado da ação de bactérias que digerem o suor e os resíduos de descamação cutânea, liberando gases.
Aí está! Como a sapatilha é um calçado de ponta fechada, sem ventilação, usado sem meia aos pés, a deposição de suor e partículas de pele é muito grande e, somado ao calor, torna-se um prato cheio para as bactérias fedorentas!
Mas a questão toda que estou levantando aqui não é o chulé da sapatilha e nem é campanha para o seu abolimento social... É a liberdade de escolha e a capacidade de relevar e superar algo!
Difícil entender? Explico.
Do mesmo modo que as mulheres, sabendo que as suas sapatilhas poderão (e certamente que sim!) criar chulé, podem escolher entre usá-las ou não, em favor do conforto e da praticidade em detrimento do mau cheiro, na vida, todos somos livres para escolher, seja lá o que for, pesando seus prós e contras.
Minha esposa adora sapatilhas! Mas eu a amo muito a ponto de relevar o fato. Não posso querer obrigá-la a não usá-las e muito menos, terminarei nosso casamento por eu não gostar do cheiro das sapatilhas! As coisas boas de nosso casamento são muito mais importantes e que as pequenas diferenças, defeitos ou particularidades de gostos que cada um de nós possa ter.
Só crescemos moral e espiritualmente quando desenvolvemos a capacidade de relevar as coisas de menor importância. Relevar não significa desdenhar e nem mesmo ignorar. Relevar consiste em avaliarmos algo e julgarmos que o mesmo não é importante o suficiente para tomar nosso tempo ou nossas preocupações. Relevar significa escolher viver com mais tranquilidade e de forma mais serena mesmo com os percalços e agravos que a vida diária nos impõe.
Devemos todos ter a mesma capacidade de relevar pequenos aborrecimentos, do mesmo modo que as mulheres relevam o cheiro das sapatilhas, para podermos melhor usufruir das boas coisas da vida. Afinal, qual o pique-nique divertido que não tem suas formigas e abelhas? Qual a sapatilha confortável que não tem o seu chulé?
Nenhum comentário:
Postar um comentário