A Herança de Eva
Por Diego de Almeida.’.
Aos onze sois da
primeira lua do ano da graça de nosso Deus e Senhor Jesus Cristo de 2012 da Era
Cristã.’.
A madrugada é escura
Os minutos escoam-se lentos
Tens a dor por companheira,
Mas ninguém ouve teus lamentos.
Se bem que és forte e corajosa
E não querias que fosse diferente.
Tomaste a tua decisão
Inteira, de corpo e mente!
Arqueja, chora e clama
Que tudo cesse de repente.
Mas sabes que as horas passarão
Até que estejas livre novamente.
Outra onda de dor te abate
A contração em teu ventre
Por que tinha de ser assim?
Por que não poderia ser diferente?
Herdeira és de Eva,
A viúva da serpente
Que no Éden foi tentada
E entregou-se ardentemente
Aos prazeres desconhecidos
Com volúpia e deleite.
Não sabia ela, pobre Eva
Que toda a ação tem reação
Que do fruto proibido
Brotaria um varão
Forte e inteligente
Mas por Deus, preterido!
Patriarca de um povo
Batalhador e destemido!
Mas acordas tu agora
De meio de teus devaneios.
As contrações se intensificam
Finda o tempo de receios
Sabes que chega a hora
Logo tudo será diferente.
Queres logo ter nos braços
O filho da Serpente.
Qual é mesmo seu nome?
Perguntas-te neste momento.
Sim, é claro: Conhecimento!
É assim que se chama a ele.
E como o sol brilhante
Rompendo a manhã errante
E pondo fim às trevas da noite
Eis que surge teu rebento
Abrindo caminho para a vida
Por entre tuas carnes,
De dentro do teu ventre
Do fundo de tua alma!
Filho teu! É teu sangue
A tua carne e a de teu amante!
Moldadas, amalgamadas
Unidas num só ser.
O milagre da vida:
Da concepção, a Criação!
Criatura de Deus, Filho do Homem
E Deusa também és tu
Por essência e merecimento
Por competência e herança.
A água que cai, santa
Que abranda a rocha ígnea
Que verte, ferve, vaporiza
Que corre em torrente
Por sobre o rubor de tuas faces
Não é mais de dor e agonia;
Agora, apenas, sublime alegria!
Pela tarefa finda
E pelo fruto colhido
Casto, puro, encolhido
Em teus braços, teu seio.
És mãe agora, ó pequena
Herdeira de Eva!
Nunca mais viverás por ti
Pois trocaste de bom grado
Viver tua própria vida
Para viver por ele:
O rebento de tuas entranhas,
O fruto de tua alma,
A plenitude de teu ser!
Esta Eva somos todos nós temerosos na madrugada da vida em parir aquilo que alimentará a humanidade...
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