Depois da Batalha
Diego de Almeida
26 de outubro de 2013
No catre repousa imerso
Nos versos de outrora
Que balançam o pensamento
E que vibram agora
Tão fortes quanto antes
Num ressonar permanente
De corações ribombantes
Sentimentos embriagados
Em nuvens de perfume
E cheiros mundanos
De corpos suados
Sabor de pecado
Sacro-santo profano
E o café na xícada
Sobre a mesa ao lado
Testemunha já frio
O seu devaneio
Recordos matreiros
Do seu corpo inteiro
De pernas e braços
Entrelaçados em abraços
De entrega e amor
Vibra, canta, grita e chora
Vira lobo e cordeiro
Vira Deus e Demônio
Espírito, corpo e mente
Bem e Mal, simplesmente.
Regressa à alcova
O amado carrasco
Que o conduziu ao castigo
E infringiu com gosto
A doce pequena morte
Tão linda, que sorte!
E beija nua
O segredo da lua
No ocaso do sol
Em que sangra o horizonte
Depois de vales e montes
E sela com ouro
O fim deste dia
E silenciam as aves
E fecham as flores
Perduram os amores
E pendem as chaves
Jazem lado a lado
Prisioneiro e carrasco
Em igual situação
Um é outro e outro é um
Tão iguais que o são
Nem mesmo eles o sabem
Fazer a distinção!
Quem és tu?
Quem eu sou?
Onde ficas?
Onde vou?
Quem tu amas?
Quem odeio?
Mentes unidas
Em igual devaneio...
E no despontar da aurora
Entreabrem os espelhos d’alma
E recordam a batalha
Tão desejada e buscada
Tão única e consagrada
Tão repetida e sonhada
Luta que não se apercebem
Os que voluptuosamente
De todo nela se embrenham.
E fitam-se plenamente
Já um só em não mais dois
Nos corpos marcas do que foi
O resultado da batalha
E quedam os corpos nus
Tão diferentes e tão iguais
E os alvos lençóis divinais
Resultam mais bela mortalha!
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