segunda-feira, 18 de novembro de 2013

DEPOIS DA BATALHA

Já pensou que tudo na nossa vida é, de certo modo, uma luta, uma batalha? A começar mesmo antes de sermos concebidos, milhões de espermatozóides se embrenham em uma corrida louca contra o tempo e uns contra os outros, para ser o primeiro a encontrar e fecundar o óvulo... isso se houver óvulo para se fecundar! A gestação é uma luta; o nascimento, uma batalha para sair do catre uterino e, dolorosamente, inflar os pulmões pela primeira vez; crescer; desenvolver-se; estudar... Tudo é luta! Conhecer alguém em meio a milhões de possibilidades e escolher dividir com esta pessoa a sua tão sofrida vida! Amar; copular; procriar; morrer... Tudo é batalha!

Depois da Batalha

Diego de Almeida
26 de outubro de 2013

No catre repousa imerso
Nos versos de outrora
Que balançam o pensamento
E que vibram agora
Tão fortes quanto antes
Num ressonar permanente
De corações ribombantes

Sentimentos embriagados
Em nuvens de perfume
E cheiros mundanos
De corpos suados
Sabor de pecado
Sacro-santo profano

E o café na xícada
Sobre a mesa ao lado
Testemunha já frio
O seu devaneio
Recordos matreiros
Do seu corpo inteiro
De pernas e braços
Entrelaçados em abraços
De entrega e amor

Vibra, canta, grita e chora
Vira lobo e cordeiro
Vira Deus e Demônio
Espírito, corpo e mente
Bem e Mal, simplesmente.

Regressa à alcova
O amado carrasco
Que o conduziu ao castigo
E infringiu com gosto
A doce pequena morte
Tão linda, que sorte!

E beija nua
O segredo da lua
No ocaso do sol
Em que sangra o horizonte
Depois de vales e montes
E sela com ouro
O fim deste dia
E silenciam as aves
E fecham as flores
Perduram os amores
E pendem as chaves

Jazem lado a lado
Prisioneiro e carrasco
Em igual situação
Um é outro e outro é um
Tão iguais que o são
Nem mesmo eles o sabem
Fazer a distinção!

Quem és tu?
Quem eu sou?
Onde ficas?
Onde vou?
Quem tu amas?
Quem odeio?
Mentes unidas
Em igual devaneio...

E no despontar da aurora
Entreabrem os espelhos d’alma
E recordam a batalha
Tão desejada e buscada
Tão única e consagrada
Tão repetida e sonhada
Luta que não se apercebem
Os que voluptuosamente
De todo nela se embrenham.

E fitam-se plenamente
Já um só em não mais dois
Nos corpos marcas do que foi
O resultado da batalha
E quedam os corpos nus
Tão diferentes e tão iguais
E os alvos lençóis divinais
Resultam mais bela mortalha!

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