terça-feira, 19 de novembro de 2013

A GERAÇÃO DO ESQUECIMENTO (E DA ALIENAÇÃO!)

-Foi o tempo em que as pessoas tinha um esmero especial em guardar datas e fatos de cabeça (de memória) e transmitir conhecimentos uns aos outros, dos mais velhos aos mais novos, perpetuando assim o aprendizado e a cultura. 
-Somos uma geração moderna! Não precisamos mais de ninguém nos contando histórias ou transmitindo oralmente o conhecimento, pois, as inovações tecnológicas e as novas relações interpessoais permitem que tudo se faça rápido, que os livros didáticos se tornem inadequados e desatualizados e que até professores sejam facilmente substituídos por vídeos no Youtube. 
-Somos uma gerações tecnológica! Não temos mais que exercitar nossa mente e nem mesmo pensar, pois, existem calculadoras e computadores que fazem isso por nós! Para que ler o romance, se logo será transformado em filme? E se não virar filme, é porque não presta!... Para que estudar álgebra (o que mesmo é álgebra) se nunca vamos usar essa coisa pra nada? Para que estudar história ou geografia se a história que importa é a de hoje pra frente e o lugar que importa é onde estamos agora?
-Dói imaginar que é assim... mas é dessa forma que muitos agem e vivem, principalmente os mais novos. E o pior é que a perpetuação da Lei do Não Pensar está garantida, tendo em vista que ela é alimentada pela Lei do Menor Esforço! Exatamente: - Evite fazer qualquer coisa que outro alguém possa fazer por você, inclusive pensar!
-Já não precisamos decorar as datas de aniversário de nossos familiares ou amigos, pois o Facebook nos lembra, e o faz até com antecedência. Não precisamos nos preocupar com tarefas, reuniões ou outros compromissos, pois a agendas on-line vão nos avisar, e algumas até enviam mensagem "SMS" para garantir! Tudo acaba sendo tão fácil que esquecemos de como é nos esforçarmos para algo; esquecemos de como se resolvem adições simples ou até mesmo a tabuada do "2"; esquecemos de como se fala nossa Língua da maneira correta!; esquecemos as Datas Cívicas; esquecemos dos Bons Modos; esquecemos de como se faziam amigos antigamente (bem, nem tão antigamente assim... coisa de uns 10 ou 15 anos!) através de encontros pessoais e conversa ao vivo; esquecemos de tratar o "Templo de Nossa Alma e Nossa Mente" com o respeito que merece!; esquecemos quem e o quê somos!
-Mas alguém pode ajudar a mudar isso? Quem seria? Creio que todos, na verdade, são responsáveis por deter a onda do esquecimento e da "Inércia Mental" que assola a humanidade! Mas não é fácil...
-Recordo de algo que meu grande amigo Rogério Bealpino, arte-educador da Fundação Caixa-Cultural de Curitiba, relatou-me na semana passada: Recebendo ele a visita de um grupo de alunos e professores de uma escola primária, em dado momento um dos infantes questiona a mestra sobre por que no dia 15 de novembro era feriado, data esta que se aproximava e que eles não teriam aula, obviamente. A professora, com a testa corrugada em dúvida, responde: - Não sei direito... Deve ser por causa do tal de Halloween!!! Claro que meu amigo se viu no dever de se interpor na discussão e dar uma aula sobre Proclamação da República do Brasil!
-Um sábio professor costumava dizer, quando conferia alguma palestra, que durante sua explanação era proibido fazer qualquer anotação que fosse, pois, o que despertasse interesse ficaria gravado nas mentes e não em alfarrábios que seriam largados ao pó e às traças!
-Claro que esquecer é importante, pois evita o acúmulo de informações desnecessárias em nossa mente, que causaria uma desordem em nossos pensamento e um congestionamento de processamentos neuronais. Contudo, não se pode deixar que nos esqueçamos do que é importante e substituamos as boas lembranças por "porcarias sem sentido"!
-Somos sim a geração do esquecimento, mas podemos optar por o que devemos esquecer!

Abraços Fraternos!
.'.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

DEPOIS DA BATALHA

Já pensou que tudo na nossa vida é, de certo modo, uma luta, uma batalha? A começar mesmo antes de sermos concebidos, milhões de espermatozóides se embrenham em uma corrida louca contra o tempo e uns contra os outros, para ser o primeiro a encontrar e fecundar o óvulo... isso se houver óvulo para se fecundar! A gestação é uma luta; o nascimento, uma batalha para sair do catre uterino e, dolorosamente, inflar os pulmões pela primeira vez; crescer; desenvolver-se; estudar... Tudo é luta! Conhecer alguém em meio a milhões de possibilidades e escolher dividir com esta pessoa a sua tão sofrida vida! Amar; copular; procriar; morrer... Tudo é batalha!

Depois da Batalha

Diego de Almeida
26 de outubro de 2013

No catre repousa imerso
Nos versos de outrora
Que balançam o pensamento
E que vibram agora
Tão fortes quanto antes
Num ressonar permanente
De corações ribombantes

Sentimentos embriagados
Em nuvens de perfume
E cheiros mundanos
De corpos suados
Sabor de pecado
Sacro-santo profano

E o café na xícada
Sobre a mesa ao lado
Testemunha já frio
O seu devaneio
Recordos matreiros
Do seu corpo inteiro
De pernas e braços
Entrelaçados em abraços
De entrega e amor

Vibra, canta, grita e chora
Vira lobo e cordeiro
Vira Deus e Demônio
Espírito, corpo e mente
Bem e Mal, simplesmente.

Regressa à alcova
O amado carrasco
Que o conduziu ao castigo
E infringiu com gosto
A doce pequena morte
Tão linda, que sorte!

E beija nua
O segredo da lua
No ocaso do sol
Em que sangra o horizonte
Depois de vales e montes
E sela com ouro
O fim deste dia
E silenciam as aves
E fecham as flores
Perduram os amores
E pendem as chaves

Jazem lado a lado
Prisioneiro e carrasco
Em igual situação
Um é outro e outro é um
Tão iguais que o são
Nem mesmo eles o sabem
Fazer a distinção!

Quem és tu?
Quem eu sou?
Onde ficas?
Onde vou?
Quem tu amas?
Quem odeio?
Mentes unidas
Em igual devaneio...

E no despontar da aurora
Entreabrem os espelhos d’alma
E recordam a batalha
Tão desejada e buscada
Tão única e consagrada
Tão repetida e sonhada
Luta que não se apercebem
Os que voluptuosamente
De todo nela se embrenham.

E fitam-se plenamente
Já um só em não mais dois
Nos corpos marcas do que foi
O resultado da batalha
E quedam os corpos nus
Tão diferentes e tão iguais
E os alvos lençóis divinais
Resultam mais bela mortalha!