Junho de 2013. O Brasil servindo de brinquedo nas mão de alguns poucos indivíduos que se julgam no direitos de fazer o que bem entendem sem prestar contas a ninguém. O Povo Brasileiro, deitado eternamente em berço esplêndido, a muito tempo entorpecido e achando que o normal é ser explorado e reclamar que nada nunca muda. De repente, algo muda: aumento das tarifas dos transportes públicos, gastos demasiados com preparativos para a Copa Mundial de Futebol de 2014, projetos de Leis que beneficiam as mafias corruptas e garantem a impunidade, carga de impostos e tributos excruciante, descaso cada vez mais crescente com a saúde, segurança e educação, gastos exuberantes e inexplicáveis por parte dos políticos. De repente, algo muda: o gigante adormecido sente que seu berço já não é mais tão confortável e acorda! As manifestações começam a ocorrer em todo o País!
Aqui nesta cidade de Curitiba, na data de hoje, houve mais uma dessas passeatas, que iniciou na Boca Maldita e foi até o Palácio Iguaçu, sede do Governo Estadual. A chuva caia. O povo gritava palavras de efeito e frases de ordem. A multidão movia-se como uma massa única e coesa. Sem bandeiras, sem rótulos, nada de partidos políticos ou igrejas ou sociedades (secretas ou não!). Todos juntos e iguais, unidos por um ideal, não por um nome ou um título, mas sim pela fadiga que sentem em sustentar calados as regalias daqueles que deveriam ser seus "funcionários e representantes".
Estivemos lá. Abaixo de chuva, usando nossas capas e guarda-chuvas, carregando faixas e cartazes. Cantamos, gritamos, reivindicamos!
Mas algo pontual ocorreu e eu estava lá, naquele local e naquele momento: houve uma agitação no portão principal do Palácio Iguaçu e muitos correram para a praça. Logo tudo de acalmou e o povo retomou seu lugar. Contudo, pouco depois, um grupo de manifestantes corria em nossa direção carregando alguém nos seus braços. Coincidentemente, um grande amigo e irmão estava entre eles, viu-me e chamou-me. Um rapaz aparentando uns 25 anos estava desacordado, com sudorese fria e pulsos filiformes; havia desmaiado em meio a multidão! Prestei o primeiro atendimento e chamamos o SAMU para socorrê-lo (que demorou bastante para chegar, diga-se de passagem).
O rapaz não portava documentos e tinha a fala empastada, quando recobrou a consciência (talvez tivera feito uso de entorpecentes). Seus bolsos estavam cheios de pedras. Pensei que ele tinha sorte em ter passado mal, antes de poder ter feito o mal, pois, do jeito que estava, boas intenções era que não tinha.
O Povo manifestando-se, o cara deitado no piso molhado, fotógrafos registrando os fatos e eu com algumas outra pessoas que não tinha idéia de quem eram, rodeávamos e cuidávamos do desfalecido mal-intencionado. Decidimos levá-lo até a marquise do Palácio Iguaçu para protegê-lo da chuva, em um ponto onde não havia manifestantes e próximo ao portão onde as tropas do Batalhão de Choque estavam por detrás. Claro que alguns viram nesse fato uma oportunidade de confrontar os policiais que ali estavam.
Fora estes ocorridos pontuais, as manifestações transcorreram sem maiores problemas.
Só espero que, do mesmo modo que iniciaram, elas também não se findem.
Tanto tempo para o Gigante-Povo acordar, tomara que ele se mantenha sóbrio e atuante, que não volte a dormir... eternamente... em berço roto!