sexta-feira, 30 de março de 2012

IGUALDADE NA MAÇONARIA - DEFICIENTES FÍSICOS E O LANDMARK 18.


A Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seus artigos iniciais, nos fala que:
·      Artigo 1° - Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
·      Artigo 2° - Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, de cor, de sexo, de língua, de religião, de opinião política ou outra, de origem nacional ou social, de fortuna, de nascimento ou de qualquer outra situação. Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autônomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
·      Artigo 3° - Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Em contra-partida, na compilação de Landmark de Albert Gallatin Mackey (1807-1881) para a Maçonaria Universal, que é tido por muitos como o “conjunto de regras imutáveis que deve nortear a maçonaria”, lemos que:
·      XVIII - Por este Landmark, os cadidatos à Iniciação devem ser isentos de defeitos ou mutilações, livres de nascimento e maiores. Uma mulher, um aleijado ou um escravo não podem ingressar na Fraternidade.
Estive visitando alguns sites de Lojas e Potências Maçônicas e qual não foi minha surpresa quando me deparei com uma foto de um maçom vestido em trajes de Mestre, em uma loja francesa, em uma cadeira de rodas e com facies típicas de portador de esclerose múltipla!
Já tinha parado para pensar outras vezes sobre o assunto “necessidades especiais e maçonaria”, até mesmo por questões particulares e familiares, mas até então, desconhecia a existência de maçons com tal grau de deficiência. Foi aí que reacendeu em mim o questionamento sobre alguns Landmarks da Maçonaria, como o Landmark 18 de Albert Mackey transcrito anteriormente.
Se a Maçonaria se vale dos preceitos de Igualdade, Fraternidade, Liberdade e União, defendendo-os e propagando-os, como pode ter como regra básica de conduta um “artigo” de cunho tão retroativo e preconceituoso?
Se no passado, mulheres, deficientes físicos e “escravos”, não eram tidos como seres humanos em pé de igualdade com os “homens”, esse tempo passou e muita água rolou por de baixo da ponte da história.
Outra incongruência desmedida é o fato de a Maçonaria primar por ser investigadora das verdades e promotora do bem social e, mesmo assim, admitir que seus Landmark “sagrados” são dogmas imutáveis, incontestáveis e absolutos. Que tipo de investigador da verdade é este, que está preso a decretos de algum “desmiolado” preconceituoso do passado, agrilhoado a uma forma pré-estabelecida de pensar, tolhido de seu livre-arbítrio e de sua livre-consciência, trilhando passos já pisados sem poder inquirir um porquê das coisas?
Já era contra o Landmark 18 por ser excludente com as mulheres, que sempre foram nossas iguais e sempre participaram das sociedades iniciáticas do passados, das filosóficas, religiosas e afins. A mulher sempre esteve na Maçonaria desde seu primórdio e só foi “excluída” do seu meio por um pensamento típico clericalista inglês do Século XVIII, machista, escravagista e classicista. É este mesmo pensamento que exclui até hoje pessoas de bem, inteligentes, produtivas, Humanas, de suas lojas, apenas por não cumprirem com os “padrões de perfeição física” exigidos.
Uma das Maçonas mais encantadoras e inteligentes que conheci (sim, uma mulher maçona), minha amiga Stella, falou uma vez que os segredos da Maçonaria residem em seus sinais, palavras e toques especiais e típicos de cada grau. Sendo assim, ela jamais poderia trair os segredos maçônicos, pois, por questões pessoais que a impediam de frequentar assiduamente os trabalhos em loja, muitos desses sinais, toques e palavras ela já havia esquecido ou confundido. Muito parecido já ouvi de graduados mestre-maçons, que tinham receio de visitar uma outra Loja, pois não lembravam como se fazer reconhecer maçons caso isso lhes fosse requisitado.
Assim sendo, se pessoas capacitadas fisicamente podem “falhar” com os ensinamentos maçônicos e mesmo assim, continuar sendo maçons, sem maiores problemas, por que vamos impedir que outras pessoas sejam iniciadas nos mistérios maçônicos, só por não poderem dar um toque ou fazer um sinal? Se possuem capacidade intelectual para estudar, meditar e se aprimorar sócio-cultural-moralmente, não lhes falta nada que seja exigido de um candidato para poder participar dos estudos que os mananciais da maçonaria oferecem a seus consortes.
Muitos expoentes da cultura, das artes, política e várias outras áreas do conhecimento humano tinham deficiências e nem por isso foram menos eficientes em suas atividades. Beethoven compôs a 9ª Sinfonia em Ré menor quando já estava praticamente surdo e muitos consideram que esta peça é sem dúvida fruto do ápice de sua genialidade. Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, mesmo mutilado por sua doença (que até hoje não se confirmou o diagnóstico) continuou esculpindo e em 1796 recebeu uma encomenda de grande importância, para a realização de esculturas da Via Sacra e os Profetas para o Santuário de Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas, consideradas a sua obra-prima.
Atualmente, no esporte, vemos atletas de várias idades e modalidades que são verdadeiras marcas de superação, competindo em olimpíadas e jogos por todo o mundo, e são chamados de “para-atletas”, pois apresentam deficiências físicas. Contudo, a despeito de suas deficiências, dão de 10 a 0 em muitas outras pessoas, atletas ou não, com seus “corpos perfeitos”!
Por isso e por vários outros exemplos que temos, sou levado a crer que nenhuma necessidade especial que alguém possa apresentar é fator impeditivo absoluto para que o mesmo participe da Maçonaria. Já não somos mais operativos; não necessitamos de corpos fortes e mão hábeis para realizar as tarefas de construção e artesanato; nossa obra é realizada com nossa mente e nossa argamassa é o estudo pautado no discernimento e na razão!
Se é Igualdade, Fraternidade, Liberdade e União que defendemos e usamos por lema, que o sejam também por nós propagadas a começar dentro de nossas próprias Vendas e Lojas! Sejamos os exemplos de Igualdade, pois vãs são as palavras, quando não se acompanham de ações.
Fraternos Abraços!
.'.

quarta-feira, 28 de março de 2012

AFASTA DE MIM ESTE CÁLICE...

Chico Buarque de Holanda já dizia em sua música "Cálice", que a situação no Brasil era desesperadora e amarga. Claro que a linguagem usada era figurada, até por necessidade de uma época em que a liberdade de explessão era apenas uma utopia. O grande problema é que, passadas mais de três décadas, guardando-se as devidas proporções, a realidade continua tão amarga quanto antes.
No momento, quero falar apenas do custo de nossos políticos. Exatamente: "custo"! Nossos políticos são os mais caros de todos os demais países, e os contribuíntes brasileiros - que pagam o pato (quero dizer, o político; pois patos somos nós!) são os mais passivos e inertes que existem. O Bom Dia Brasil, telejornal veiculado no período da manhã pela Rede Glogo de Televisão apresentou um editorial que, logo após ir ao ar, foi proibido de ser reapresentado ou comentado nos demais telejornais da emissora... e a Globo calou-se! Peço que todos tenham a paciência de gastar menos de 2 minutinhos e assistir o vídeo a seguir... e quem quiser relembrar, deixo a letra de Cálice na sequência.
Abraços


Cálice

Chico Buarque

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como beber dessa bebida amarga
Tragar a dor e engolir a labuta?
Mesmo calada a boca resta o peito
Silêncio na cidade não se escuta
De que me vale ser filho da santa?
Melhor seria ser filho da outra
Outra realidade menos morta
Tanta mentira, tanta força bruta
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Como é difícil acordar calado
Se na calada da noite eu me dano
Quero lançar um grito desumano
Que é uma maneira de ser escutado
Esse silêncio todo me atordoa
Atordoado eu permaneço atento
Na arquibancada, prá a qualquer momento
Ver emergir o monstro da lagoa
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
De muito gorda a porca já não anda (Cálice!)
De muito usada a faca já não corta
Como é difícil, Pai, abrir a porta (Cálice!)
Essa palavra presa na garganta
Esse pileque homérico no mundo
De que adianta ter boa vontade?
Mesmo calado o peito resta a cuca
Dos bêbados do centro da cidade
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue
Talvez o mundo não seja pequeno (Cale-se!)
Nem seja a vida um fato consumado (Cale-se!)
Quero inventar o meu próprio pecado (Cale-se!)
Quero morrer do meu próprio veneno (Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez tua cabeça! (Cale-se!)
Minha cabeça perder teu juízo. (Cale-se!)
Quero cheirar fumaça de óleo diesel (Cale-se!)
Me embriagar até que alguém me esqueça (Cale-se!)

quinta-feira, 1 de março de 2012

A DAMA NO BAILE

Nem toda música é o que se ouve, nem toda dança é executada em salões, nem toda cena é o que se vê; Nem tudo é o que parece ser!
Deixo a todos um poema que pode ser o que parece, mas pode também, não o ser!

Abraços Fraternos
.'.

A Dama no Baile

Por Diego de Almeida (B.'.Pr.'. Benjamin Franklin M.'.M.'.C.'.I.'.)
Ao primeiro sol da terceira lua do ano da Graça de Nosso Deus e B.'.Pr.'. Jesus Cristo de 2012, da E.'. C.'..
  


És delicada dama
No meio do salão
Fecha os olhos então
Para ouvires melhor
Deixa a música tomar os ares
Penetrar todos os lugares.
A canção ribomba nos ouvidos
Faz vibrar o corpo todo.
Fremita teu espírito,
Em cada acorde do piano
Em cada nota do violino
Não és mais humana,
És música viva
Encarnada em mulher
Tu e teu parceiro
Com vossos corpos colados
Braços dados bem fechados
Num abraço apertado
Dois corpos comutados
Num só conjunto belo
Imponente e formoso

Com movimentos ritmados
No vai e vem cadenciado
Perdeste o sentido do tempo.
Só a música que importa
E faz sentir todo o prazer
Que inunda o teu ser
E também o de teu amado
Oh! Pequena bailarina,
Não és mais menina;
Há muito és mulher!
E no meio do salão
Deslizas bem ligeiro
Com teus pés de fada-moça
Encantadora que tu és.

Com sorriso matreiro
De quem sabe o que quer
Conquista todos os olhares
E sabes que podes mais.
Porém, doce dama
Já tomaste tua decisão
E te entregaste toda inteira
Corpo, alma e coração
Ao teu parceiro amado
Que a tens envolta nos braços
No vai e vem da canção.
Tic-tac, Tic-tac
O tempo sempre passa
Ora rápido, ora lento
Mas nunca param os ponteiros
Do relógio do senhor Tempo.

E no clímax da canção
No auge do prazer
O píncaro da emoção
Inunda o teu ser
Espalhando nas entranhas
O calor do teu gozo
Dispara o coração
E respiras ofegante
Abraças teu amante
Corpos entrelaçados
Empapados de suor
Do bailado ora findo.

A música terminou
O tempo passou
Respiração já se acalma
Mas guardas n’alma
A certeza de que
Este baile não foi o último
Muitos outros virão
Nova música, nova dança
Outra entrega ao prazer
Nos braços do amado
Deslizando pelo salão
Co’a música em teu ser
Cadenciada e bem pautada
Nas batidas do coração!