(INTRODUÇÃO)
(Obs.: História utópica sobre um fantástico fim do mundo...)
Então o mundo acabou... Na tarde daquele 21 de dezembro de
2012 ocorreu o que há muito estava previsto, mas que ninguém acreditava ser
possível! Mas não foi da forma que se imaginava ou especulava.
Aquele dia não amanheceu para os olhos dos seres que aqui
viviam, sejam homens ou animais. De repente, todo o céu do globo, em todos os
confins da terra, estava coberto por um manto negro de nuvens como se estivesse
prestes a cair a maior tempestade de todos os tempos. Mais negras, densas e
elevadas que as próprias do Dilúvio Bíblico de Noé. Cobriram completamente o
firmamento e nem luz do Sol, nem brilho das estrelas ou da lua podiam passar
por suas espessas paredes gasosas. O Breu era tamanho que mal as luzes
artificiais de carros ou postes de iluminação pública davam conta de iluminar
os locais e as pessoas que aí estavam e que corriam amedrontadas ao conforto e
segurança de seus lares...
Conta-se que o paredão de nuvens surgiu em meio ao oceano
Pacífico, já no primeiro segundo daquele dia 21 e estendeu-se, de oriente para
ocidente, minuto a minuto, como uma imensa cortina que se fecha encobrindo o
palco ao findar o espetáculo. Estaria
pois, findo, o espetáculo humano sobre a Terra?
Teria já soado o último acorde da Sinfonia Terrestre?
Não houve o irromper da manhã. As pessoas acordaram pois
seus despertadores gralharam na hora de costume... tomaram seus desjejuns (ou
mantiveram o jejum) e seguiram suas vidas, pois é mais fácil ignorar o que é
diferente que tentar entender. Na verdade, é impossível se aperceber de algo
para o qual não temos o desenvolvimento mental e espiritual necessário para
ver, mesmo que não o entendamos, de início. E assim, uns ficaram em casa,
outros foram trabalhar, outros queriam aproveitar as férias e praguejaram a
“chuva” que se formava que impediria o divertimento...
Porém, como se a energia da Terra fosse lábil e
exclusivamente dependente da luz solar, aos poucos, os aparatos
eletro-eletrônicos começaram a falhar e desligar-se. Artigos movidos a pilhas e
baterias foram os primeiros. Relógios, calculadoras, brinquedos, máquinas
fotográficas, aparelhos celulares, todos foram deixando de funcionar. Com isso,
muitas pessoas já ficaram em desespero, sentindo-se isoladas do mundo sem suas
preciosidades eletrônicas para conectá-las aos outros.
Na sequência, foi a vez dos aparelhos de som e imagem, dos
computadores, dos eletrodomésticos. O caos começou a se instaurar por toda
parte! Empresas cessavam suas atividades; indústrias paravam suas linhas de
produção; hospitais entravam em alerta e a correria era geral devido a pane
total dos aparelhos e equipamentos de suporte de vida e monitoramento, e muitos
se preparavam para fazer uso de seus geradores de emergência movidos a
combustível fóssil; o comércio fechava suas portas com medo de ondas de
vandalismo que pudessem ocorrer acompanhando a escuridão.
Mais tarde, foi a vez da energia elétrica predial e viária
finalmente acabar! Ninguém entendia! Nenhum acidente, nenhuma avaria
detectável, nenhum raio vindo das negras nuvens, nenhuma queda de barreira,
nada que justificasse, em nossa compreensão, tal crise energética global.
Contudo, não se sabia que era global até então, pois, qualquer comunicação que
não fosse feita de forma escrita (de próprio punho) ou falada (pessoalmente),
estava completamente impossibilitada. O homem tornara-se refém de sua própria
tecnologia (ou da ausência dela, por assim dizer!) e mergulhara de cabeça nas
trevas da ignorância...
(Continua...)