O texto
abaixo, de Nathalí Macedo, foi publicado no site Entenda os Homens, mas me fez
lembrar de um outro, de minha autoria, que publiquei alguns meses atrás (http://anavalhadepoda.blogspot.com.br/2014/04/como-se-diz-eu-te-amo.html)
“Felicidade
pra mim é pouco. Eu preciso de euforia.” Essa máxima tem mais adeptos do que se
pode imaginar. Em um mundo de baladas alucinantes e sexo fácil, não é de se
estranhar que as verdadeiras parcerias sejam cada vez mais raras. Isso porque o
conforto da conchinha em dias frios e do filminho a dois no domingo não tem
sido suficiente para satisfazer enérgicos caçadores de êxtase.
A verdade é
que algumas pessoas precisam estar em estado permanente de paixão. Só dançar
não basta – é preciso ultrapassar todos os limites do seu corpo; só amar não
basta – tem que ter orgasmos múltiplos todo dia; se identificar com a profissão
não basta – É preciso gostar tanto do trabalho a ponto de ficar ansioso pela
segunda-feira.
E os
relacionamentos têm obedecido – lamentavelmente – esse vírus moderno da
insaciabilidade aguda. Arrisco dizer que é por isso que as verdadeiras
parcerias caíram de moda. Não se troca mais a liberdade da solteirice pelo
tédio que um relacionamento estável supõe. Mas quem se recusa a essa troca
certamente desconhece a sensação surreal de uma conchinha. De gargalhadas
épicas assistindo a um programa de humor sem graça no sábado à noite. Do tesão
inigualável de um sexo com amor (sexo com amor, não necessariamente sexo
amorzinho).
As parcerias
ainda estariam “em alta” se as pessoas parassem de esperar delas essa tal
euforia. Espera-se sexo avassalador diariamente quando, às vezes, se pode
querer simplesmente pegar no sono depois do jantar. Espera-se conversa e
tagarelices sem fim enquanto se pode, vez ou outra, querer simplesmente
permanecer em silêncio – e, calma, isso não é um problema.
Achar que
todo relacionamento se sustenta na base do sexo três vezes ao dia e ter certeza
de que há algo de errado se o outro recusa é uma utopia. O amor é poder ser
você mesmo. Poder assumir que quer só dormir de conchinha – sem tabus, sem a
obrigação da paudurecência permanente. Sentir-se bem com o outro de chinelo e
camisa de propaganda, sem maquiagem e descabelada. Eu diria que amar é, acima
de tudo, sentir-se à vontade. Sem pressa, sem euforia, sem regras
estabelecidas. Porque amor é liberdade.
É preciso
aceitar o outro em todas as suas versões, inclusive nos dias ruins. A rotina é
o preço que se paga pra se ter um grande amor sempre ao lado – um preço irrisório
quando ela se torna absolutamente deliciosa. E isso só é possível ao lado de
quem se ama. Apaixonar-se é bom. Mas o amor tem privilégios que só podem ser
desfrutáveis na calmaria.